domingo, 19 de fevereiro de 2012

TOADA COMENTADA: MISCIGENAÇÃO



MISCIGENAÇÃO
(ENÉAS DIAS E ARISSON MENDONÇA)



Nossa festa é de boi-bumbá
Nosso ritmo é quente, amazonense
É o batuque misturado, apaixonado
Tem a cara do Brasil
Coisa assim nunca se viu

É o balanço que imita banzeiro
Tem cheiro de beira de rio
Tem herança do nordeste
Bumba-meu-boi, cabra-da-peste
Tem gingado de quilombo
Tem poeira levantando
Tem rufar de tambores tribais

Sou afro-ameríndio
Caboclo, mestiço
Eu sou
A própria miscigenação

Sou batucada
Sou a cadência eternizada na toada
A poesia de um amor que se transforma
Em um som que vem da alma

Sou Pai Francisco
Sou Catirina, Gazumbá
Sou Garantido

A garantia que esse amor é infinito
E faz o mundo inteiro amazoniar

Eu sou boi-bumbá
Eu sou boi-bumbá
Sou Parintins, sou a raiz
E o coração de uma nação


PRIMEIRO EU GOSTARIA DE DIZER QUE AS TOADAS QUE FALAM EXACERBADAMENTE DA VIDA DO CABOCLO, DO ÍNDIO COM EXPRESSÕES GENUINAMENTE PARINTINENSE SÃO AS MINHAS PREFERIDAS E AO QUE PARECE, DO VISITANTE TAMBÉM QUE QUER CONHECER COISAS DIFERENTES, JÁ QUE ESTÁ CANSADO DA FÓRMULA DOS MODISMOS.  


ISSO NÓS SENTIMOS QUANDO CONVERSAMOS COM ALGUÉM QUE NUNCA VIU A NOSSA FESTA OU QUANDO FALAMOS DE ALGO SOBRE A MESMA. 


EU SEMPRE FALO QUE SÓ SEREMOS DE FATO RECONHECIDOS COMO CULTURA REGIONAL QUANDO PARARMOS DE IRMOS NA ONDA DE COPIAR MODELOS., CASO CONTRÁRIO SEREMOS ETERNAMENTE VITIMA DE CRITICAS E DE INEVITÁVEIS COMPARAÇÕES. 


IR PRÁ SALVADOR CANTAR EM UM TRIO ELÉTRICO COM DANIELA MERCURY PODE SER UMA FACA DE DOIS GUMES. PODE ATÉ SER BOM PRÁ DIVULGAR A FESTA, MAS PRÁ ESSÊNCIA DA FESTA EM SI NÃO VEJO COMO VANTAGEM NÃO.

ESSA TOADA QUE ENTROU PARA O ELENCO DE TOADAS DO BOI CONTRÁRIO NO ANO PASSADO É FRUTO DO FESTIVAL DE TOADAS ONDE TODOS OS ANOS A PREFEITURA MUNICIPAL DE PARINTINS REALIZA ESSE FESTIVAL E AS TOADAS QUE FICAM EM PRIMEIRO E SEGUNDO LUGAR SÃO GRAVADAS NO CD DE GARANTIDO OU CAPRICHOSO. O NOME ORIGINAL DA TOADA ERA: SOU MISCIGENAÇÃO, MAS O CONTRÁRIO TIROU O SOU PERMANECENDO APENAS A PALAVRA TEMA DO ANO PASSADO.

O CONTRÁRIO TEVE A FELICIDADE DE SER CONTEMPLADO COM A MESMA E APROVEITAR PARA QUE A MESMA FOSSE SEU TEMA DO ANO PASSADO, POIS É UMA TOADA QUE TEM MUITO BALANÇO E O MAIS IMPORTANTE: TEM MUITO CONTEÚDO.

PERCEBO QUE É  UMA TOADA QUE TÃO CEDO NÃO IRÁ SER ESQUECIDA, POIS ELA REPRESENTA MUITO PARA A CULTURA DO BOI BUMBÁ. 


FALAR DA MISCIGENAÇÃO DO NOSSO POVO É ACIMA ADE TUDO RECONHECER A NOSSA FORMAÇÃO CULTURAL COM OS ELEMENTOS DO NEGRO, BRANCO, INDIO E MAIS DO QUE NUNCA EM PARINTINS DOS ASIÁTICOS REPRESENTADO PELOS JAPONESES DA VILA AMAZÔNIA.


MISCIGENAÇÃO REPRESENTA NOS DIAS ATUAIS UMA RESPOSTA AOS CLAMORES DA DIVERSIDADE E DA PLURALIDADE CULTURAL QUE SÃO MUITO IMPORTANTE PARA QUE O CIDADÃO SAIBA CONVIVER COM AS DIFERENÇAS EM UMA SOCIEDADE TÃO CONTURBADA, TÃO PRECONCEITUOSA APESAR DE TODOS OS ESFORÇOS PARA QUE A DIVERSIDADE E ACIMA DE TUDO E A TOLERÂNCIA ENTRE OS CIDADÃOS SEJA RESPEITADA.


LOGO NO INICIO ELA JÁ COMEÇA FALANDO DE QUE NOSSA FESTA É DE BOI BUMBÁ! 


NOSSA FESTA LEVANTA A BANDEIRA DO BOI BUMBÁ DA AMAZÔNIA COMO HERANÇA DO BUMBA MEU BOI NORDESTINO E TEM UM RITMO QUENTE, UM RITMO QUE TEM ORGULHO DE DIZER QUE É DO AMAZONAS, UM RITMO ALUCINANTE, ELETRIZANTE, TRIBAL, NATIVO, AMERÍNDIO, ENFIM É UM RITMO QUE SAI DA FLORESTA E QUE REPRESENTA PORTANTO O  MAIOR ESTADO DA FEDERAÇÃO QUE TEM NA TOADA DE BOI BUMBÁ UM BATUQUE EMOCIONADO, FASCINADO, APAIXONADO.


ELE É UM RITMO TÃO QUENTE E ALUCINANTE  QUE TEM A CARA DE TODO O NOSSO PAIS, COISA QUE NUNCA SE VIU PORQUE ESSE BATUQUE IMITA AS MAROLAS DO RIO AMAZONAS, O BARULHO DAS CUIAS, A PERCUSSÃO DAS CANOAS, DO OURIÇO DE CASTANHA E TEM UM CHEIRO DA VEGETAÇÃO QUE FICA BOIANDO NA  BEIRA DO RIO, O CHEIRO DE MURERU DO CAPIM CANARANA., SUA HERANÇA VEIO DO NORDESTE NO PERÍODO ÁUREO DA BORRACHA, NA DÉCADA DE 60 TAMBÉM PELOS NORDESTINOS QUE VIERAM TRABALHAR NA ZONA FRANCA EM MANAUS, NA INDÚSTRIA DA JUTA EM PARINTINS E FICARAM CONHECIDOS COMO OS CABRA DA PESTE OU ARIGÓ. 


O GINGADO DESSA DANÇA SE EQUIPARA AO GINGADO DOS NEGROS NO QUILOMBO, UMA GINGA AFRO TRIBAL QUE SE MISTURA AO RITMO INDÍGENA. TEM UM RITMO DE LEVANTAR POEIRA, POR ISSO OS COMPOSITORES DIZEM QUE O BRINCANTE DO BOI BUMBÁ É AFRO, AMERÍNDIO, MESTIÇO, CABOCLO RESULTANDO NA PRÓPRIA MISCIGENAÇÃO.


QUANDO OS AUTORES DIZEM: SOU BATUCADA! ELES  ASSUMEM O RITMO DE SEU BOU BUMBÁ E QUEREM DIZER QUE NO NOSSO PAÍS NÃO HÁ UM BRASILEIRO QUE NÃO GOSTE DE TOCAR UM TAMBOR,   ESSE TAMBOR QUE SE FAZ PRESENTE EM VÁRIAS BRINCADEIRAS DA NOSSA CULTURA., INCLUSIVE NA BATUCADA DO GARANTIDO QUE EXPRIME A SUA VIDA, O DIA A DIA DO CABOCLO POR MEIO DA TOADA DE BOI BUMBÁ DECANTANDO SEU POVO, A CIDADE DE PARINTINS, O AMAZONAS, A VIDA DO CABOCLO, A PRESERVAÇÃO, O MEIO AMBIENTE SADIO E EQUILIBRADO PORQUE PARA SE COMPOR UMA TOADA É PRECISO TER AMOR PELO LUGAR EM QUE SE VIVE CONSTRUINDO UMA POESIA DE AMOR QUE BROTA DO FUNDO DO SEU SENTIMENTO DE CABOCLO E QUE FLUI DA ALMA.

A MISCIGENAÇÃO GANHA MAIS INGREDIENTES QUANDO OS BRINCANTES DO BOI BUMBÁ SE RECONHECEM NOS PERSONAGENS DO BOI BUMBÁ COMO PAI FRANCISCO (CAPATAZ DA FAZENDA QUE TIRA A LÍNGUA DO BOI PRÁ SATISFAZER A VONTADE DE SUA MULHER  CATIRINA), GAZUMBÁ (FILHO DE FRANCISCO E CATIRINA) E O GARANTIDO QUE É O BOI BUMBÁ DE PARINTINS QUE COM SUAS TOADAS GARANTE UM AMOR INFINITO PARA A SUA GALERA E E COM SUA PROPOSTA TRIBAL E CABOCLA FAZ O MUNDO INTEIRO VOLTAR OS OLHOS PARA A AMAZÔNIA CONJUGANDO O VERBO AMAZONIAR.


POR ISSO QUE OS AUTORES FIZERAM ESSE REFRÃO DIZENDO QUE "EU SOU BOI-BUMBÁ" E, SER BOI-BUMBÁ É SER PARINTINS, É ESTAR ENRAIZADO NUMA CULTURA BELA EM QUE O BOI-BUMBÁ CONSEGUE EXTERIORIZAR EM FORMA DE POESIA, ALEGORIA, ORALIDADE, GESTOS, COSTUMES, GASTRONOMIA E EM TODAS AS FORMAS DE ARTE E QUE SE EXPRESSAM NO SENTIMENTO DE NAÇÃO QUE É O SENTIMENTO QUE EXPRESSA A CULTURA, O SENTIMENTO QUE VEM  DA ALMA, QUE FLUI DA VIDA DO POVO.


PARA QUEM TEM INTERESSE NO TEMA PUBLICAMOS O TEXTO ABAIXO QUE FOI EXTRAÍDO DO SITE: http://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/os-povos-no-brasil-miscigenacao ONDE JUNTAMENTE COM A LETRA DA TOADA O PROFESSOR PORDERÁ CONSTRUIR UM RICO TRABALHO PEDAGÓGICO NUMA VISÃO MULTIFOCAL.


NÃO SEI SE NO AMAZONAS AS UNIVERSIDADE, OS EDUCADORES OU OS PRÓPRIOS BOIS JÁ PENSARAM EM DESENVOLVER ATIVIDADES PEDAGÓGICA EM LIVROS USANDO AS LETRAS DAS TOADAS PARA SERVIR COMO SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA EDUCADORES. ESPERAMOS QUE UM DIA ESSA RICA CULTURA SEJA MAIS DIVULGADA EM TERMOS PEDAGÓGICOS CONTRIBUINDO COM O PROFESSOR QUE SE DESESPERA QUANDO NÃO CONSEGUE FALAR DE UM TEMA OU DESENVOLVER UMA ATIVIDADE  SOBRE UMA OUTRA FESTA CULTURAL DE OUTRA REGIÃO PELA FALTA DE MATERIAL.


Miscigenação

Não existe na atualidade nenhum grupo humano racialmente puro. As populações contemporâneas são o resultado de um prolongado processo de miscigenação, cuja intensidade variou ao longo do tempo.

Miscigenação é o cruzamento de raças humanas diferentes. Desse processo, também chamado mestiçagem ou caldeamento, pode-se dizer que caracteriza a evolução do homem. Mestiço é o indivíduo nascido de pais de raças diferentes, ou seja, apresentam constituições genéticas diferentes.

Esses conceitos, porém, são ambíguos, como o próprio conceito de raça. O filho de um alemão e uma sueca, por exemplo, não é considerado mestiço, mas sim alemão ou sueco, conforme o meio em que ocorrer sua socialização. O filho de um alemão e uma vietnamita, ao contrário, será considerado mestiço (eurasiano), seja qual for o meio em que se der sua integração. Popularmente, considera-se miscigenação a união entre brancos e negros,brancos e amarelos, e entre amarelos e negros, ou seja, os grandes grupos de cor em que se divide a espécie humana e que, na concepção popular, são tidos como "raças". Brancos, negros e amarelos, no entanto, não constituem raças no sentido biológico, mas grupos humanos de significado sociológico que o senso comum identifica por um traço peculiar -- no caso, a cor da pele.

Na história do Brasil, a ocorrência da mestiçagem é bastante pronunciada. Esse fato gerou uma identidade nacional singular e um povo marcadamente mestiço na aparência e na cultura.

Os ancestrais indígenas do brasileiro contemporâneo caracterizavam-se mais pela diversidade do que pela homogeneidade, enquanto os portugueses provinham de um processo de caldeamento secular e variado, no qual se destacam contribuições dos fenícios, gregos, romanos, judeus, árabes, visigodos, mouros, celtas e escravos africanos. É difícil precisar a origem dos negros trazidos da África para o Brasil, mas é sabido que provieram de diferentes tribos e nações.

Do século XVI ao XVIII, em aproximadamente 15 gerações, consolidou-se a estrutura genética da população brasileira, com o entrecruzamento de africanos, portugueses e índios. Ainda no período colonial, franceses, holandeses e ingleses tentaram se estabelecer em território brasileiro e deixaram alguma contribuição étnica, embora restrita.

Ao mulato, mestiço de negro e branco, se deve toda a construção da economia litorânea no Brasil, inclusive o desenvolvimento de sua vida urbana. Ao mameluco, resultante das relações entre branco e índio, se deve a penetração para o interior e a marcha para o oeste. A partir do século XIX, acrescenta-se à miscigenação entre os primeiros grupos étnicos a contribuição dos imigrantes italianos, espanhóis, alemães ejaponeses, que também participaram do processo de mistura racial no Brasil.

Os alemães se estabeleceram principalmente no Sul, os italianos em São Paulo, e os espanhóis em todo o país. Isso também contribuiu para que a mistura de povos no Brasil tivesse composição diferente de acordo com a região. De maneira geral, pode-se dizer que predomina no litoral o mulato e, no interior, o branco e vários mestiços. A população é mais índia no Norte, menos branca no Nordeste, mais índia e mais branca no Centro-Oeste e menos negra no Sul. No Sudeste, historicamente a área de maior desenvolvimento, há um pouco de todas as raças.


Povos no Brasil

As três raças básicas formadoras da população brasileira são o negro, o europeu e o índio, em graus muito variáveis de mestiçagem e pureza. É difícil afirmar até que ponto cada elemento étnico era ou não previamente mestiçado.
A miscigenação no Brasil deu origem a três tipos fundamentais de mestiço:
Cabloco = branco + índio
Mulato = negro + branco
Cafuzo = índio + negro


Brancos

Os portugueses trouxeram um complicado caldeamento de lusitanos, romanos, árabes e negros, que habitaram em Portugal. Os demais grupos, vindos em grande número para o Brasil em diversas épocas -- italianos, espanhóis, alemães, eslavos, sírios -- também tiveram mestiçagem semelhante. A partir de então, a migração tornou-se mais constante. O movimento de portugueses para o Brasil foi relativamente pequeno no século XVI, mas cresceu durante os cem anos seguintes e atingiu cifras expressivas no século XVIII. Embora o Brasil fosse, no período, um domínio de Portugal, esse processo tinha, na realidade, sentido de imigração.

A descoberta de minas de ouro e de diamantes em Minas Gerais foi o grande fator de atração migratória. Calcula-se que nos primeiros cinqüenta anos do século XVIII entraram, só em Minas, mais de 900.000 pessoas. No mesmo século, registra-se outro movimento migratório: o de açorianos para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Amazônia, estados em que fundaram núcleos que mais tarde se tornaram cidades prósperas.

Os colonos, nos primeiros tempos, estabeleceram contato com uma população indígena em constante nomadismo. Os portugueses, embora possuidores de conhecimentos técnicos mais avançados, tiveram que aceitar numerosos valores indígenas indispensáveis à adaptação ao novo meio. O legado indígena tornou-se um elemento da formação do brasileiro. A nova cultura incorporou o banho de rio, o uso da mandioca na alimentação, cestos de fibras vegetais e um numeroso vocabulário nativo, principalmente tupi, associado às coisas da terra: na toponímia, nos vegetais e na fauna, por exemplo. As populações indígenas não participaram inteiramente, porém, do processo de agricultura sedentária implantado, pois seu padrão de economia envolvia a constante mudança de um lugar para outro. Daí haver o colono recorrido à mão-de-obra africana.
O Brasil é o país de maior população branca do mundo tropical.


Negros

Os negros, trazidos para o Brasil como escravos, do século XVI até 1850, destinados à lavoura canavieira, à mineração e à lavoura cafeeira, pertenciam a dois grandes grupos: os sudaneses e os bantos. Os primeiros, geralmente altos e de cultura mais elaborada, foram sobretudo para a Bahia. Os bantos, originários de Angola e Moçambique, predominaram na zona da mata nordestina, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Surgiu assim o terceiro grupo importante que participaria da formação da população brasileira: o negro africano. É impossível precisar o número de escravos trazidos durante o período do tráfico negreiro, do século XVI ao XIX, mas admite-se que foram de cinco a seis milhões. O negro africano contribuiu para o desenvolvimento populacional e econômico do Brasil e tornou-se, pela mestiçagem, parte inseparável de seu povo. Os africanos espalharam-se por todo o território brasileiro, em engenhos de açúcar, fazendas de criação, arraiais de mineração, sítios extrativos, plantações de algodão, fazendas de café e áreas urbanas. Sua presença projetou-se em toda a formação humana e cultural do Brasil com técnicas de trabalho, música e danças, práticas religiosas, alimentação e vestimentas.


Índios

Os indígenas brasileiros pertencem aos grupos chamados paleoameríndios, que provavelmente migraram em primeiro lugar para o Novo Mundo. Estavam no estádio cultural neolítico (pedra polida). Agrupam-se em quatro troncos lingüísticos principais: o tupi ou tupi-guarani, o jê ou tapuia, o caraíba ou karib e o aruaque ou nu-aruaque. Há além disso pequenos grupos lingüísticos, dispersos entre esses maiores, como os pano, tucano, bororo e nhambiquara. Atualmente os índios acham-se reduzidos a uma população de algumas dezenas de milhares, instalados sobretudo nas reservas indígenas da Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste.

A esses três elementos fundamentais vieram inicialmente acrescentar-se os mestiços, surgidos do cruzamento dos três tipos étnicos anteriores, e cujo número observou tendência sempre crescente. Ocupam portanto lugar de grande destaque na composição étnica da população brasileira, representados pelos caboclos (descendentes de brancos e ameríndios), mulatos (de brancos e negros) e cafuzos (de negros e ameríndios).
A marca da imigração no Brasil pode ser percebida especialmente na cultura e na economia das duas mais ricas regiões brasileiras: Sudeste e Sul.

A colonização foi o objetivo inicial da imigração no Brasil, visando ao povoamento e à exploração da terra por meio de atividades agrárias. A criação das colônias estimulou o trabalho rural. Deve-se aos imigrantes a implantação de novas e melhores técnicas agrícolas, como a rotação de culturas, assim como o hábito de consumir mais legumes e verduras. A influência cultural do imigrante também é notável.

A imigração teve início no Brasil a partir de 1530, quando começou a estabelecer-se um sistema relativamente organizado de ocupação e exploração da nova terra. A tendência acentuou-se a partir de 1534, quando o território foi dividido em capitanias hereditárias e se formaram núcleos sociais importantes em São Vicente e Pernambuco. Foi um movimento ao mesmo tempo colonizador e povoador, pois contribuiu para formar a população que se tornaria brasileira, sobretudo num processo de miscigenação que incorporou portugueses, negros e indígenas.


Outros Grupos

Os principais grupos de imigrantes no Brasil são portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que representam mais de oitenta por cento do total. Até o fim do século XX, os portugueses aparecem como grupo dominante, com mais de trinta por cento, o que é natural, dada sua afinidade com a população brasileira. São os italianos, em seguida, o grupo que tem maior participação no processo migratório, com quase trinta por cento do total, concentrados sobretudo no estado de São Paulo, onde se encontra a maior colônia italiana do país. Seguem-se os espanhóis, com mais de dez por cento, os alemães, com mais de cinco, e os japoneses, com quase cinco por cento do total de imigrantes.

Contribuição dos Grupos

No processo de urbanização, assinala-se a contribuição do imigrante, ora com a transformação de antigos núcleos em cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Farroupilha, Itajaí, Brusque, Joinville, Santa Felicidade etc.), ora com sua presença em atividades urbanas de comércio ou de serviços, com a venda ambulante, nas ruas, como se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Outras colônias fundadas em vários pontos do Brasil ao longo do século XIX se transformaram em importantes centros urbanos. É o caso de Holambra SP, criada pelos holandeses; de Blumenau SC, estabelecida por imigrantes alemães liderados pelo médico Hermann Blumenau; e de Americana SP, originalmente formada por confederados emigrados do sul dos Estados Unidos em conseqüência da guerra de secessão. Imigrantes alemães se radicaram também em Minas Gerais, nos atuais municípios de Teófilo Otoni e Juiz de Fora, e no Espírito Santo, onde hoje é o município de Santa Teresa.

Em todas as colônias, ressalta igualmente o papel desempenhado pelo imigrante como introdutor de técnicas e atividades que se difundiram em torno das colônias. Ao imigrante devem-se ainda outras contribuições em diferentes setores da atividade brasileira. Uma das mais significativas apresenta-se no processo de industrialização dos estados da região Sul do país, onde o artesanato rural nas colônias cresceu até transformar-se em pequena ou média indústria. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, imigrantes enriquecidos contribuíram com a aplicação de capitais nos setores produtivos.

A contribuição dos portugueses merece destaque especial, pois sua presença constante assegurou a continuidade de valores que foram básicos na formação da cultura brasileira. Os franceses influíram nas artes, literatura, educação e nos hábitos sociais, além dos jogos hoje incorporados à lúdica infantil. Especialmente em São Paulo, é grande a influência dos italianos na arquitetura. A eles também se deve uma pronunciada influência na culinária e nos costumes, estes traduzidos por uma herança na área religiosa, musical e recreativa.

Os alemães contribuíram na indústria com várias atividades e, na agricultura, trouxeram o cultivo do centeio e da alfafa. Os japoneses trouxeram a soja, bem como a cultura e o uso de legumes e verduras. Os libaneses e outros árabes divulgaram no Brasil sua rica culinária.

Por: Priscila Mota de Araujo









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