Geovane Bastos e Saulo Vianna
Ele vem
Vem com a chuva e o temporal
Mascarado sobrenatural
Estronda a mata o teu caminhar
Homem, monstro e animal
Toquem as flautas para o ritual
Cuia, cauim, mariri, paricá
Pra despertar o Caramuru
O Guaricaya, aquele que cura
Tragam o guerreiro ferido de guerra
Que clama em oração
"Eu te entrego a minha vida
Eu suplico junto a ti
Livrai-me da morte, livrai-me da morte"
Gritos, rezas, cantos ecoam no Solimões
A tribo festeja o Guaricaya, o xamã
A dança
Gira e dança possuído, xamã Yuriman
Evoca o Guaricaya
Guaricaya, Guaricaya!
PARTICULARMENTE FALANDO EU NUNCA OUVI FALAR NESSE RITUAL INDIGENA E NEM ENCONTREI QUALQUER SISTEMATIZAÇÃO CIENTIFICA SOBRE O MESMO. COM CERTEZA., ESSE RITUAL É MAIS UMA CRIATIVIDADE DO ARTISTA PARINTINENSE COM BASE EM SUA RICA CRIATIVIDADE E QUE TEM COMO REFERENCIAL OUTRO RITUAL.
OS PERSONAGENS DO RITUAL SÃO: HOMEM MONSTRO MASCARADO E SOBRENATURAL QUE TAMBÉM SE GERA PARA UM ANIMAL, O CURANDEIRO TAMBEM CHAMADO DE CARAMURÚ OU GUARICAYA, O GUERREIRO FERIDO DE GUERRA E O XAMÃ YURIMAN.
O HOMEM MONSTRO SURGE NO RITUAL FAZENDO UM ENORME BARULHO NA SELVA EM MEIO A UMA FORTE CHUVA E TEMPORAL (QUE É UMA CARACTERISTICA DA AMAZÔNIA) FAZENDO UM BARULHO TÃO ESTRONDOSO E ENSURDECEDOR QUANTO AO DE UM ANIMAL. ELE TAMBÉM TEM PODERES SOBRENATURAIS.
EM MEIO A ESSE SURGIMENTO DO HOMEM MONSTRO QUE COM CERTEZA TERÁ A GALERA SIMBOLIZANDO ESSE BARULHO ENSURDECEDOR QUANDO DA REPRESENTAÇÃO DESSE RITUAL OS AUTORES DA TOADA CONVOCAM O TOQUE DAS FLAUTAS (QUE É UMA CARACTERISTICA DA MÚSICA INDIGENA) ALÉM DO USO DE OUTROS OBJETOS USADOS POR CABOCLOS E INDIOS COMO A ''CUIA'', A BEBIDA INDIGENA DENOMINADA ''CAIUM' E O FUMO DENOMINADO ''PARICÁ'' COM O OBJETIVO DE DESPERTAR O CURANDEIRO CHAMADO PELOS AUTORES DE ''CARAMURU'' OU ''GUARICAYA'' QUE TEM O PODER DE CURAR. VALE RESSALTAR QUE A CUIA, O CAUIM E O PARICÁ JÁ SÃO POPULARIZADOS NAS TOADAS ONDE PODEMOS ENCONTRAR DIVERSAS QUE FALAM SOBRE ESSES TERMOS INDIGENAS CONHECIDOS PELOS CABOCLOS, REVELANDO-SE UM LADO MUITO POSITIVO DO BOI DE PARINTINS QUE É O DE POPULARIZAR ESSES TERMOS CONSIDERADOS DE MINORIA.
ESSA CURA SERÁ PARA OS GUERREIROS QUE ESTÃO FERIDOS DE GUERRA E QUE CLAMAM PELA SUA CURA POR MEIO DA ORAÇÃO PROMETENDO QUE ELES ENTREGAM A SUA VIDA AO GUARICAYA CASO ESTE OS LIVRE DA MORTE.
VEJA QUE NO RITUAL PRIMITIVO A RELAÇÃO COM O SAGRADO NO MOMENTO DA DOR TAMBÉM É MUITO IMPORTANTE ONDE OS INDIGENAS PROMETEM SE ENTREGAR DE CORPO E ALMA EM TROCA DE UMA CURA. COMO DIRIA FREJAT EM UMA DE SUAS MUÚSICAS NO BARAÃO VERMELHO: Todo mundo é parecido quando sente dor!!!!
NA CULTURA CRISTÃ NÓS TAMBEM SOMOS ASSIM., PEDIMOS AO PAI DO CÉU PARA QUE NOS LIVRE DA MORTE., QUE NOS DÊ A CURA, QUE DÊ A CURA DE UMA PESSOA QUE NOS É ESPECIAL., EM ORAÇÃO TAMBEM DIZEMOS., SENHOR EU TE ENTREGO A MINHA VIDA, EU TE IMPLORO, EU TE SUPLICO, LIVRA-ME DO MAL, LIVRA-ME DE TUDO O QUE POSSA SIGNIFICAR A MORTE PRÁ MIM. UMA ESPÉCIE DE CONVERSÃO PELA DOR. rEITERO MAIS UMA VEZ ESSE LADO MULTICULTURAL DA FESTA DO BOI DE PARINTINS QUE POSSIBILITA A INTERAÇÃO DE CULTURAS RELIGIOSAS E NOS PERMITE ENTENDER A FORMAÇÃO CULTURAL DE NOSSO POVO.
ASSIM, O RITUAL PROSSEGUE EM MEIO A GRITOS E REZAS QUE ECOAM DO RIO SOLIMÕES QUE VEM A FAVOR DA CORRENTEZA EM DIREÇÃO AO ATLÂNTICO EM UM GRANDE FESTEJO COM A CHEGADA DO PAJÉ QUE SE TRANSFORMA OU "SE GERA" NO GUARICAYA, O XAMÃ QUE POR MEIO DA DANÇA, FICA POSSUIDO E ALUCINADO COM O USO DOS ALUCINÓGENOS DA AMAZÔNIA E EVOCA O GUARICAYA, TAMBÉM CHAMADO DE XAMÃ YURIMAN PARA LIVRAR A TRIBO DE TUDO O QUE REPRESENTA O MAL. REGISTRE-SE AQUI A IMPORTÂNCIA DA DANÇA COMO MEIO DE SE COMUNICAR COM AS DIVIDADES TANTE NA FORMAÇÃO DO HOMEM PRIMITIVO QUANTO NA FORMAÇÃO DO NEGRO E TAMBÉM NA CULTURA CRISTÃ ONDE EM MUITAS LITURGIAS SE FAZ USO DA DANÇA PARA LOUVAR E ALCANÇAR O DIVINO ATRAVÉS DA LINGUAGEM CORPORAL.
EU GOSTEI MUITO DESSA TOADA PORQUE ELA É SIMPLES, FÁCIL DE SE ASSIMILAR E ME FAZ LEMBRAR TOADAS COMO CANANCIUÊ, CANTO DO UIRAPURÚ QUE TAMBÉM FALAVA NOS RIOS COMO ARAGUAIA., SOLIMÕES, ESTE ÚLTIMO RIO QUE RECEBE O NOME DE AMAZONAS E SUAS ÁGUAS OBRIGATORIAMENTE JUNTAMENTE COM OS GRITOS E REZAS PASSAM PELA CIDADE DE PARINTINS PARA DESEMBOCAR NO OCEANO ATLÂNTICO.
