domingo, 29 de janeiro de 2012

TOADA COMENTADA: RITUAL TARIANA

Geovane Bastos / Adriano Aguiar

Cantos no Alto Rio Negro
Trocanos estrondam na mata
Flautas para o ritual
Tariana, Yurupari
O rito divino e profano , mistério proibido às mulheres
No culto ao Deus Sol
O legislador, guardião dos segredos ocultos
Nos olhos de fogo a ira , a flagelação
No Iapurutu tua voz de trovão
Macacaráuas e feras e assombração
Na fumaça do paricá , o Kumu revela a visão
Tariana , Maku , manaó , Barassana , Dessana , Bará
Arapaso , Baniwa , Makuna , Baré
Das águas do Negro , Uaupés
Do Içãna , Xié , Caiari
Aruak , Tukano , Pano , Tupi

O RITUAL A SER APRESENTADO PELO BOI-BUMBÁ CAPRICHOSO EM UMA DAS NOITES NO BUMBÓDROMO DE PARINTINS  EM 2012 É DENOMINADO "RITUAL TARIANA" É UM DOS RITUAIS CONHECIDO COMO "ritos de Yurupari" ENVOLVENDO FLAUTAS E TROMBETES SAGRADOS DOS INDIOS DO ALTO RIO NEGRO.

IMPORTANTE FRISAR QUE QUANDO OS PORTUGUESES CHEGARM NO BRASIL, ELES PERCEBERM QUE OS INDIOS GOSTAVAM DE FESTA, DE DANÇA SENDO QUE AS FESTAS DA NOSSA CULTURA E DO NOSSO FOLCLORE SÃO FRUTO DESSA OBSERVAÇÃO DO COLONIZADOR QUE SOUBE USAR ESSE GOSTO DOS INDIOS DOS INDIOS PARA DOMINÁ-LOS.

ESTA REGIÃO DO ALTO RIO NEGRO ESTÁ LOCALIZADA AO NORTE E FAZ DIVISA COM A VENEZUELA E PARTE DA COLÔMBIA .

ESSA REGIÃO É BASTANTE DECANTADA PELOS BOIS-BUMBÁS  DE PARINTINS, PRINCIPALMENTE SERRA DO PARIMA, PACARAIMA, MATURACÁ, JAUARETÉ OU IAWARETÊ.

NÃO É UMA REGIÃO  BASTANTE DESENVOLVIDA SENDO UMA REGIÃO CUJA POPULAÇÃO INDIGENA AINDA É MUITO PRESENTE.,

É UMA ÁREA DE FRONTEIRA PROTEGIDA PELAS FORÇAS ARMADAS. ESSA PROTEÇÃO AINDA NÃO MUITO EFETIVA SOFRENDO CRÍTICAS POR SUA FRAGILIDADE E POR SER UMA ÁREA ONDE O CONTRABANDO PRINCIPALMENTE DE MADEIRA E TRÁFICO DE DROGAS AINDA É MUITO PRESENTE E AS INVASÕES DE ESTRANGEIROS EM BUSCA DE RIQUEZS.

A CIDADE MAIS DESENVOLVIDA DO ALTO RIO NEGRO CHAMA-SE BARCELOS  E TEVE SEU DESENVOLVIMENTO COM O TRBALHO DESENVOLVIDO PELAS  MISSÕES SALESIANAS. 

FAZ PARTE TAMBÉM DESSA REGIÃO O SEGUNDO MUNICIPIO MAIS DESENVOLVIDO QUE É  SANTA ISABEL DO RIO NEGRO E DEMAIS MISSÕES INDIGENAS LOCALIZADAS MATA A DENTRO EM COMUNIDADES INDIGENAS CUJA ADMINISTRAÇÃO ESTÁ A CARGO DE IGREJAS E DA MISSÕES SALESIANAS POR PADRES E FREIRAS, QUE NOS DIAS ATUAIS DESENVOLVEM UM TRABALHO DE RESGATE DA DIGNIDADE DOS SILVICOLAS, RESPEITANDO A SUA IDENTIDADE, SEUS COSTUMES E SUA CULTURA.

OS AUTORES DA TOADA FALAM DE INICIO LOGO NOS Cantos no Alto Rio Negro, POIS A REGIÃO É PROPICIA PARA A PRESENÇA DE MUITOS CANTOS, DE MUITAS ETNIAS E UMA DIVERSIDADE DE SONS REPRESENTADOS PELOS INSTRUMENTOS COMO Trocanos QUE FAZEM UM BARULHO FORTE QUE  estrondam na mata ALÉM DO SOM DAS Flautas para o ritual  Tariana,  DENOMINADO Yurupari.

SEGUNDO OS AUTORES DA TOADA O rito É divino e profano COMO TAMBÉM É NA SOCIEDADE E NA CULTURA BRANCA EM GRANDE PARTE DE NOSSAS FESTAS CULTURAIS QUE TIVERAM ORIGEM RELIGIOSA, SENDO QUE NESSA SOCIEDADE INDIGENA, ESSE RITUAL É UM mistério proibido às mulheres SENDO QUE TAL TIPO DE COMPORTAMENTO É NATURAL NA SOCIEDADE INDIGENA PORQUE AS MULHERES NA MAIORIA DAS VEZES NÃO SE MISTURAM COM OS INDIOS DO SEXO MASCULINO PARA DANÇAR OU PARTICIPAR DE ALGUMA CERIMÔNIA QUE NA MAIORIA  DOS RITUAIS SÃO DIRECIONADAS PARA O SEXO MASCULINO OU FEMININO.

A DANÇA NA CULTURA INDIGENA TAMBÉM É OFERECIDA COMO UM CULTO., ELA TEM UM SIGNIFICADO FESTIVO E RELIGIOSO., COMO ELES MESMO DIZEM No culto ao Deus Sol SENDO NATURAL ESTE OFERECIMENTO AOS ASTROS E OS ELEMENTOS DA NATUREZA  SENDO QUE ESTE DEUS SOL É MUITO ADORADO PELOS POVOS PRIMITIVOS DA AMAZONIA.,  POIS  ESTE TEM TANTO PODER QUE É ELE QUEM LEGISLA ALÉM DE GUARDAR OS SEGREDOS., CONFORME DIZ A TOADA ELE É   O legislador, guardião dos segredos ocultos. ESTE OCULTIMOS É COMUM NOS POVOS PRIMITIVOS, ALÉM DE QUE CONFORME DIZ A TOADA NESTE RITUAL O TARIANA TEM Nos olhos de fogo a ira , a flagelação . No Iapurutu tua voz de trovão  Macacaráuas e feras e assombração, Na fumaça do paricá , o Kumu revela a visão E TODAS AS TRIBOS SÃO CONCLAMADAS. COMO:  Tariana , Maku , manaó , Barassana , Dessana , Bará  Arapaso , Baniwa , Makuna , Baré
Das águas do Negro , Uaupés ., Do Içãna , Xié , Caiari; Aruak , Tukano, Pano, Tupi.

Transcrevemos abaixo uma matéria deste Ritual Tariana que encontramos na Internet e estamos reproduzindo parte deste: http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tariana/1496


Assim, através destes  instrumentos sagrados de Yurupari  fazem com que os indigenas busquem a ancestralidade, descendência e identidade do grupo, sexo e reprodução, relações entre homens e mulheres, crescimento e amadurecimento, morte, regeneração e integração do ciclo de vida humano com o tempo cósmico, pois como já falamos na interpretação de outras toadas, essa relação com a questão da astrologia, dos elementos da natueza são muito importante para os indigenas.

Os instrumentos como as flautas e os trombetes de tronco de palmeira pertencentes a cada grupo são uma entidade ao mesmo tempo única e múltipla: o ancestral do grupo e seus ossos aos pares, que são também seus filhos; e os ancestrais dos clãs componentes do grupo. Quando os instrumentos estão juntos e são tocados, o ancestral volta à vida, de modo que aqueles que os tocam assumem as identidades dos ancestrais clânicos e entram em contato direto com seus respectivos pais (originários). Esse processo anula a separação vigente entre passado e presente, mortos e vivos, ancestrais e descendentes, restabelecendo a ordem primordial dos mitos de origem. Os ritos normalmente envolvem um clã ou o segmento de um clã, que age como um grupo isolado e assim pode estabelecer a sua identidade enquanto unidade coletiva indiferenciada em contraposição ao mundo de fora, mas segmentada internamente por uma hierarquia ordenada.

Os instrumentos Yurupari somente podem ser vistos e manuseados pelos homens adultos. De acordo com os mitos, originalmente eram as mulheres quem possuíram as flautas enquanto os homens se encarregavam do processamento da mandioca e outras tarefas femininas. Os mitos acrescentam outro detalhe importante: quando as mulheres tinham a posse das flautas, os homens menstruavam e, quando tiraram as flautas delas, fizeram com que as mulheres menstruassem. Esses mitos, e os rituais que os dramatizam, podem ser entendidos como um discurso complexo e ambíguo sobre os respectivos poderes e capacidades de homens e mulheres, tal como aquele que se refere aos poderes xamânicos femininos, já mencionados. Isso implica que os órgãos reprodutivos e as capacidades reprodutivas complementares de homens e mulheres, isto é: as suas "flautas", são simultaneamente idênticas e opostas, iguais e desiguais, invertidas e equivalentes.

Há dois tipos de ritual de Yurupari, um evento anual mais sacralizado e elaborado que marca o começo do ano, e o outro realizado periodicamente durante o ano para marcar a maturação de diferentes espécies de frutos de árvores. No segundo, os homens de uma comunidade presenteiam os de uma outra - geralmente os seus irmãos - com grandes quantidades de frutos silvestres, trazendo-os para o interior da casa acompanhados dos sons berrantes dos trombetes enquanto as mulheres e crianças permanecem atrás de telas nos fundos. Ao anoitecer, as telas são removidas e as mulheres voltam a se juntar aos homens. Eles dançam a noite inteira até amanhecer e então distribuem os frutos entre os presentes. Os mais grandiosos ritos de Yurupari, quando instrumentos diferentes e mais sacralizados são tocados, estão vinculados aos movimentos do sol e da constelação de Plêiades, realizando-se no final do verão e começo da estação chuvosa, que é a época em que abundam os frutos do mato. Eles elaboram ainda mais os temas de crescimento, maturação e periodicidade, bem como a integração entre os ciclos temporais humanos e cósmicos, mas aqui o enfoque imediato está no crescimento e amadurecimento de jovens que passam por um processo de iniciação que os conduz a sua integração como adultos no grupo.

No começo do ritual, os meninos são apartados de suas mães e trazidos para a extremidade masculina da casa, longe da vista das suas mães, que são confinadas na parte traseira. Sob o cuidado de guardiões rituais e um kumu oficiante, recebem ayahuasca para beber e são-lhes mostrados os instrumentos Yurupari pela primeira vez, enquanto eles ficam sentados imóveis e agachados como fetos no chão. À medida que os instrumentos são tocados sobre as suas cabeças, corpos e genitais, os rapazes são chicoteados pelos kumu nos seus corpos e pernas, ações que transmitem a vitalidade e as forças espirituais dos ancestrais e fazem com que os meninos cresçam resistentes, fortes e viris. Os homens dão então um banho nos meninos junto com os instrumentos no rio, despejando água das flautas sobre as cabeças dos iniciados. Essa ação alude ao ancestral Anaconda vomitando as primeiras pessoas da sua boca - e também ao primeiro banho dos bebês depois de nascer, como descrito anteriormente. Mas dessa vez o nascimento é um renascimento orquestrado pelos homens mais velhos e, como o ancestral Anaconda que entrou no mundo através da "porta da água" no Leste, os iniciandos renascidos agora entram na casa pela porta dos homens. No final do ritual, os iniciandos permanecem em reclusão por um mês em um compartimento especial longe da vista das mulheres. Rigidamente supervisionados pelo kumu, eles tomam banho todos os dias, observam uma dieta rigorosa e aprendem a fazer cestos. A reclusão termina com uma grande dança. Como sinal de que estão prontos para se tornarem maridos e pais, os iniciandos presenteiam com os seus cestos as suas parceiras femininas, que pintam os corpos deles com tinta vermelha em retribuição.
Como muitos ritos de iniciação, este é repleto de símbolos de morte, renascimento e regeneração. No começo do ritual, os meninos são pintados de preto e ritualmente "mortos" com doses de rapé de tabaco; após seu renascimento no rio, são mantidos em reclusão como bebês recém-nascidos, então emergem para serem pintados de vermelho. No mito associado ao ritual, Yurupari, na forma de anaconda, engole os iniciandos, os digere dentro de sua barriga (cujo equivalente no ritual é o período de reclusão), então os devolve a seus pais, vomitando-os como ossos. Para puni-lo, os pais incendeiam Yurupari para que ele morra. Mas ele não morre: sua alma sobe ao céu e de suas cinzas nasce uma palmeira, protótipo das frutas da floresta e matéria-prima dos instrumentos Yurupari.

Como na agricultura de coivara, na qual a fertilidade e a vida humana vêm da queima anual da floresta, esse conjunto de mito e ritual significa que vida e morte se sucedem como as estações, que os humanos mortais alcançam a imortalidade através de seus filhos, que a periodicidade das mulheres é como a das estações, que o crescimento dos homens e das árvores resultam de um único processo, e que, no final das contas, a fertilidade dos seres humanos e do cosmos estão interligadas em um grande sistema. Ao expandir a maloca a proporções cósmicas, ao abolir as separações entre os seres humanos e o mundo dos espíritos, e ao articular as capacidades reprodutivas de homens e mulheres, os rituais de Yurupari englobam e colocam em movimento boa parte da cosmologia acima esboçada. 

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