terça-feira, 29 de janeiro de 2013

CAPRICHOSO 2013 - TOADA COMENTADA: PAIXÃO DE UMA NAÇÃO






Essa toada denominada PAIXÃO DE UMA NAÇÃO do jovem poeta Adriano Aguiar aparenta ser mais UMA DAS VÁRIAS TOADAS QUE FORMARÃO o carro-chefe do CD do Boi Caprichoso para o ano de 2013 que defende o tema “O CENTENÁRIO DE UMA PAIXÃO” já que O CD DEMO DO CAPRICHOSO ALÉM DE MUITO BEM RITMADO POSSUI TODAS COM CONTEÚDOS HISTÓRICOS, SOCIOLÓGICOS, FOLCLÓRICOS E ANTROPOLÓGICOS MUITO BEM ARTICULADOS ESTANDO PORTANTO DENTRO DE UMA PROPOSTA DE PESQUISA EM BUSCA DO BI-CAMPEONATO.


O jovem poeta começa a toada falando na primeira pessoa do singular que NESSA BRINCADEIRA DE BOI “EU JÁ FUI VAQUEIRO”. Assim, ele inicia a toada falando do personagem mais simples da brincadeira  que é integrante da vaqueirada e tem como função CORTEJAR O SEU BOI E É NA BRINCADEIRA DO BOI DE PARINTINS UM IMPORTANTE ITEM QUE GRAÇAS A DEUS AINDA TEM A MESMA IMPORTÂNCIA DE ANTIGAMENTE, MESMO SEM O GLAMOUR DOS ITENS INDIVIDUAIS TÃO FESTEJADO PELOS INTERESSES DA MÍDIA SENSACIONALISTA E AS VEZES ATÉ APELATIVA.

Adriano é taxativo e imperativo ao afirma com orgulho NESSA BRINCADEIRA DE BOI EU JÁ FUI VAQUEIRO., mas além de vaqueiro o poeta Fala com orgulho TOQUEI TAMBOR, EU TAMBÉM FUI MARUJEIRO., ou seja o  brincante do Caprichoso que já brincou na vaqueirada CARREGANDO SUAS IMENSAS LANÇAS DE FITAS E ESTRELAS NO ALTO foi ritmista da MARUJADA DE GUERRA (nome da batucada azul e branca recebida em homenagem aos marujos que aportavam no porto de Parintins) e que seu barulho se  confunde com o BARULHO DO MOTOR REGIONAL DA AMAZÔNIA como já foi dito em uma outra toada.


Em seguida ele afirma que: FIQUEI NA FILA DA GALERA PRÁ SUBIR NA ARQUIBANCADA., hoje mais do que nunca pro torcedor azul que é apaixonado pelo Caprichoso é preciso enfrentar uma longa fila para assistir uma noite e brincar no Festival na famosa arquibancada do povão e ajudar a galera a ser campeã. Enfrentar uma fila que se inicia pelo menos as 7 da manhã e cuja entrada começa às 15 h 00 sem que haja necessidade de pagar o ingresso que a cada ano fica mais caro e que somente os turistas tem condições de pagar.

Adriano mexe com o inconsciente coletivo do TORCEDOR AZULADO quando afirma: ANDEI NAS RUAS DA CIDADE JUNTO COM MEU BOI (pois como é sabido a brincadeira do boi antigamente era na rua e o encontro dos bois CAPRICHOSO E GARANTIDO tinha a marca da violência), EMPRESTEI CAMISA AZUL PRA BRINCAR NO ENSAIO DO MEU BOI, fato que ocorre com qualquer fanático torcedor que deixa tudo: EMPREGO, COMPROMISSOS PESSOAIS E ATÉ SE SEPARA quando a mulher é do contrário E SEGUE PARA O CURRAL DO BOI CAPRICHOSO e participa das atividades propostas pelo Boi, tudo prá ensaiar no CURRAL DO BOI ou para FESTEJAR A VITÓRIA DO BOI AZUL.


JÁ FUI DA RAÇA AZULADA, DA RAPAZIADA DO GALPÃO., sabe-se que a raça azulada é a torcida do Boi Caprichoso que tem também outras torcidas organizadas hoje espalhadas em outras cidades do interior do AMAZONAS como é o caso da TORCIDA FORÇA AZUL E BRANCO-FAB e RAÇA AZUL não esquecendo que há mais de 20 anos o Pajé WALDIR SANTANA TAMBEM ORGANIZAVA A TORCIDA ORGANIZADA FBI TAMBEM CHAMADA DE TROPA DE ELITE DO CAPRICHOSO. O Poeta fala da rapaziada do Galpão referindo-se aos artistas famosos e anônimo que criam e recriam as alegorias, fantasias e são os principais responsáveis pela beleza estética da festa., por isso ele diz JÁ FUI ARTISTA, além de afirma FUI BRINCANTE DO BOI CAMPEÃO, pois na verdade ao contrário do que muitos insistem em falar NÃO SE DESFILA NO BOI, MAS SE BRINCA DE BOI e ao se relacionar com esse brinque que é a figura do boi de pano não há como não amá-lo., por isso o poeta afirma: AH, EU AMO ESSE BOI!!!!!!!


Ainda na primeira pessoa, Adriano nos diz: EU EMPURREI ALEGORIA PRÁ BRINCAR DE BOI, que são esses artistas anônimos que contribuem com a sua força para fazerem junção dos módulos que formam a cênica e tem esse trabalho desde o galpão até a sua finalização no dia da apresentação no bumbódromo. EU ACHO ISSO MUITO BACANA PORQUE EM TEMPOS DE FORMAÇÃO AMPLA E DE NOÇÕES DE ESPAÇO E FORMA, O BOI DE PARINTINS DESDE CRIANÇA PROPORCIONA ESSA APRENDIZAGEM AOS CABOCLOS DESDE DE MUITO CEDO E QUE PODE SER EXPLORADO PEDAGOGICAMENTE NAS ESCOLAS.


Para se brincar de boi, o poeta retrata o que muitos Parintinenses já fizeram para participar da brincadeira e nos diz: PINTEI A CARA, VIREI ÍNDIO PRA DANÇAR NA TRIBO DO MEU BOI, NA TRIBO DO MEU, NA TRIBO DO MEU BOI. Para mim esse é um outro lado positivo da nossa festa, pois quem vive em regiões muito industrializadas  milita na educação sabe o quanto é difícil colocar uma roupa de índio nesse jovem, fazer uma tribo indígena na escola porque os jovens se sentem envergonhados ou tem preconceitos sendo essa segunda opção a mais provável. Ainda bem que esse fato não existe em Parintins e nem na região Amazônica, pois o caboclo graças a Deus é estimulado ainda a valorizar sua raiz indígena e cabocla fruto dessa festa que é o BOI DE PARINTINS. Portanto BRINCAR NA TRIBO DO MEU BOI É PARA O INTEGRANTE DO CAPRICHOSO ALGO MUITO FORTE, É DEFENDER A SUA ORIGEM, SUA ANCESTRALIDADE, SUCA CABOQUICE, SUA ORIGEM BARÉ.


Adriano mexe com o inconsciente coletivo do Parintinense quando fala: EU CARREGUEI O MAIS LINDO DOS TUXAUAS fazendo o Parintinense lembrar-se de ZECA CHIBELÃO que foi o primeiro Tuxaua do Festival, senão o mais importante Tuxaua que adentrava no TABLADÃO OU NO ANFITEATRO MESSIAS AUGUSTO COM UM PASSO CADENCIADO E UM CAPACETE CONSIDERADO ENORME PARA AS PROPORÇÕES DO LOCAL ONDE SE REALIZAVA O FESTIVAL. OS CAPACETES BELÍSSIMOS DOS TUXAUAS ERAM MAIORES QUE AS FANTASIAS DAS TRIBOS E COM O TEMPO TEVE A VERSÃO TUXAUA ORIGINALIDADE E TUXAUA LUXO E NOS DIAS ATUAIS SOMENTE A EXPRESSÃO TUXAUA.


Os TUXAUAS dos dias atuais são grandississimos e são verdadeira alegorias puxadas com roldanas e forma um grau de complexidade grande graças a criatividade do Parintinense que evoluiu com a brincadeira graças a grandiosidade do espaço.


Além de carregar o mais lindo dos tuxauas o torcedor do Caprichoso como bem diz Adriano, este RECORTOU ESTRELAS DE PAPEL DE SEDA, FEZ BANDEIROLAS PARA ENFEITAR AS RUAS E LEVAR PARA A GALERA E TAMBÉM ASSUMIU UM IMPORTANTE POSTO NO BOI SENDO UM CANTADOR SEJA DE TOADAS, DE VERSOS OU PARTICIPANDO DOS MAIS DIVERSOS GRUPOS DE BOI-BUMBÁ QUE HOJE TEM EM TODO O ESTADO DO AMAZONAS  TENDO EM VISTA A VOCAÇÃO NATURAL DO PARINTINENSE PARA A MÚSICA.


Adriano afirma SOU UM POUCO DE TUDO ISSO!!!! Sim, o Parintinense que gosta do seu Boi se transporta de fato para cada item e tudo o que o boi for e se transformar ele assim será., por isso ele afirma: SEREI UM POUCO DE TUDO O QUE FOR, afinal a brincadeira se transforma a partir de uma aceitação social do coletivo que o assimila de acordo com o seu passado, mas adaptando-se às exigências do mundo moderno.


Por isso Adriano Moraes finaliza dizendo que tudo isso: É PAIXÃO (uma paixão centenária que vai se construindo com as gerações passando de pai prá filho) ., é AMOR AZUL, A COR DESSE BOI QUE JÁ PARTE DE MIM., porque O CAPRICHOSO É A MAIOR EXPRESSÃO DA CULTURA PARINTINTIN E FAZ PARTE DO DIA-A-DIA DO PARINTINENSE E POR QUE NÃO DIZER NOS DIAS ATUAIS DO AMAZONENSE E DE MUITOS BRASILEIROS QUE CONHECEM A BRINCADEIRA PARINTINENSE E SÃO VERDADEIROS APAIXONADOS POR ESSA NAÇÃO CHAMADA CAPRICHOSO QUE FESTEJA NESSE ANO DE 2013 O SEU CENTENÁRIO.