SE FORMOS ENUMERAR AS PESSOAS E LUGARES QUE PODEM SER CONSIDERADOS PATRIMÔNIOS DA ILHA TUPINAMBARANA FAREMOS DE NOSSA POSTAGEM MA COLEÇÃO DE VÁRIOS LIVROS, PORQUE A ILHA É UM CELEIRO DE PRODUÇÃO CULTURAL. O MAIOR PROBLEMA DA ILHA, OU O MAIOR PECADO DA ILHA É QUE O TEMPO PASSOU E POUCO SE REGISTROU PARA QUE O PARINTINENSE TIVESSE A OPORTUNIDADE DE FAZER SUA MEMÓRIA. AINDA BEM QUE ESTAMOS EM PLENA ÉPOCA DE SISTEMATIZAÇÃO E SE FAZ NECESSÁRIA ESSA SISTEMATIZAÇÃO PARA QUE O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL SE POSSA REGISTRAR O QUE AINDA ESTÁ GUARDADO NA MEMÓRIA DESSE POVO, POIS DAQUI HÁ POUCO NADA MAIS SERÁ LEMBRADO EM VISTA DA VELOCIDADE DE INFORMAÇÕES.
ME EMOCIONO E LEMBRO DESSES 2 VULTOS HISTÓRICOS DA ILHA - O SEO WALDIR E TONZINHO SAUNIER, TANTO QUE TENHO REGISTROS DE AMBOS PORQUE ME EMPOLGAVA EM LER SOBRE ESTES, SUAS PARTICIPAÇÕES ATUANTES NA COMUNIDADE. PARECIA EM MINHA MENTE QUE UM DIA OS DOIS SERIAM LEMBRADOS E QUE SERIAM PARA SEMPRE IMPORTANTES NA HISTÓRIA E NA CULTURA DO POVO DE PARINTINS.
O CAPRICHOSO FEZ UMA BELA HOMENAGEM AO SEO WALDIR COM A TOADA MISSIONÁRIO DA LUZ:
MISSIONÁRIO DA LUZ
(Chico da Silva)
É ABENÇOADA A MÃO QUE CURA
ESSA VIDA LINDA VEM DE DEUS,
MAS A CONVIVÊNCIA VEM DE NÓS
E PÁRA NÓS TAMBÉM OS CÉUS
TUDO DEUS CRIOU
FEZ ATÉ O HOMEM
DIVINO E PERFEITO E O ABENÇOOU
ALÔ, SEU WALDIR VIANA
O BEM, QUE DA ILHA EMANA
ANJO, AMIGO, ALMA PURA
MISSIONÁRIO DA LUZ
A FÉ CRISTALINA DO AMOR
NOBREZA SUAVE DA FLOR
A MÃO QUE NOS CURA COM A FÉ DE JESUS
BOI CAPRICHOSO MANDOU
CANTAR PRO WALDIR A TOADA
AO SOM DA NOSSA MARUJADA
POR TODOS AQUELES QUE ELE CRIOU - bis
O BOI CONTRÁRIO TAMBÉM HOMENAGEOU SEU WALDIR EM 2 TOADAS FAZENDO MENÇÃO AO MESMO: UMA DE TONY MEDEIROS QUE DIZ: O feitiço e a magia vem da Ilha, tá no sangue, tá na veia, tá na vida. Tá nas mãos de dona NEGA (a parteira) ou nos braços de Waldir Viana...
OUTRA MENÇÃO ESTÁ NA LETRA DE ANA PAULA PERRONE E JORGE ARAGÃO: O que era só da Ilha Tupinambarana., que se apoiou na fé de seu Waldir Viana...
ENCARTE DO SUPLEMENTO: A ILHA-1994 E FAZ PARTE DE MEU ACERVO CULTURAL
O LADO POETA DE SEU WALDIR
A Chula do Caturetê
(Waldir Viana - 1988)
A saudade que eu tenho de ti a mesma tu há de ter;
A recordação do passado bem difícil quero ter;
Poderei voltar, só se a sorte me proteger;
Adeus Caturetê lugar de tempestade;
Até logo Caturetê me perdoe a oportunidade ;
Sofri como cão sem dono e nem deixei saudade;
Perdi minha paciência e também minha vaidade;
Adeus Caturetê me enganei com você;
Pensei em salvar meu gado e lá fui perder;
Não podia andar no campo com tanto gado a feder;
Tive muito desgosto e vontade de morrer...
Em todo caso Caturetê, eu não posso esquecer;
Não sou mal agradecido e tenho que agradecer;
Com tida tua ruindade eu posso dizer;
Se não fosse a tua ruindade como seria meu padecer?
Adeus Caturetê nunca mais quero te vê...
caturetê era o nome de um sitio de propriedade de seo Waldir
O JORNALISTA MARCOS SANTOS FEZ UMA RICA HOMENAGEM E UM RICO REGISTRO SOBRE OS 100 ANOS DE SR. WALDIR AO QUAL TRANSCREVO DE SEU BLOGG
Os 100 anos de Waldir Viana
Passou quase desapercebido, mas, sábado (27/02), mestre Waldir Viana, que Chico da Silva chamou de “Missionário da luz” (ouça essa toada do Caprichoso neste post), completaria 100 anos de idade se vivo estivesse.
"Seo" Waldir sendo homenageado pelo Caprichoso, entre o filho Rai Viana e o apresentador Gil Gonçalves (falando)
Waldir tinha várias lendas ao redor de si. A mais famosa diz respeito a um padre italiano, acidentado, condenado pelos médicos a viver o resto da vida numa cama. Dom Arcângelo Cerqua, então bispo prelado de Parintins, decidiu trazê-lo até “seo” Waldir. Este recolocou as vértebras no lugar e fez esticar o corpo numa barra e o fazia ficar pendurado todos os dias, primeiro segundos, depois minutos e assim o colocou em pé. Reza a lenda que ele voltou andando para sua terra.
Milagres? O povo falava que ele tinha coleção deles.
Conto o que vivi. Estava a caminho dos Jogos Estudantis do Amazonas (JEAs), em 1978, pela seleção de vôlei de Parintins. Numa manhã sem treino, metemos um racha de futsal e eu fui sorteado para goleiro. Pulei numa bola, na entrada da área, e um maluco meteu o bico em cima do meu polegar direito. Quebrou na hora. Havia médicos do Projeto Rondon próximos. Um deles virou para o Elias Moura, nosso técnico, e avisou: “Arranja outro levantador e capitão do time porque esse aqui só vai poder tirar o dedo do gesso daqui a uns três meses”. O campeonato era em 30 dias!
Elias me levou ao “seo” Waldir. Ele colocou o osso no lugar, meteu uma mistura com rinchão (uma erva que dá no campo, em Parintins) e imobilizou com talas, dessas que se usa em papagaio. Amarrou e pediu: “Filho, passa todo dia aqui pra trocar esse curativo. Quero ver se você não vai jogar”. Voltei a treinar uns cinco dias antes da viagem – e Parintins ganhou a única medalha de bronze do interior no vôlei masculino.
Outra coisa: “seo” Waldir não regateava na mentira, quando se tratava de distrair um paciente, antes do tranco com o qual ele colocava o osso no lugar. Numa dessas, contou que o sujeito preparou um cartucho com 23 chumbos e atirou fazendo um zigue-zague com o cano da espingarda, num bando de patos. O cachorro foi buscar de um por um e ele só contando… 20, 21… “Ué, cadê os outros dois?” Olhou para cima e viu os dois patos voando e os chumbos atrás deles… Aí o paciente dava um risada e ele o tranco. A dor estava amenizada.
A humildade era uma marca de "seo" Waldir e não raro ele pegava a bicicleta e ia visitar os seus pacientes nas casas deles
Essa lenda parintinense tem muitas histórias. Estão aí os filhos e netos (Luciano, filho do Waldirzinho, foi quem me mandou estas fotos) para contar como a casa deles vivia cheia de gente, buscando auxílio para os seus males, sem que Waldir Viana recusasse atendê-los. Pagamento em dinheiro? Nem pensar. Ele se ofendia e podia até parar o tratamento se alguém tentasse. Tinha lá suas cabecinhas de gado, seus terrenos e vivia bem disso.
Waldir Viana lembra meu tio Valdir Costa, massagista de Fast, Rio Negro e Nacional, que curou muita gente com essa história de colocar osso no lugar. A família me mata se eu não contar que ele curou o joelho de Jairzinho – ele mesmo, o Furacão da Copa de 1970 – , que estava desenganado para o futebol por causa de um problema no menisco e acabou jogando muito tempo ainda.
Tempos bons aqueles, quando havia uma saudável disputa sobre quem curava mais e melhor os males da nossa vida.
Saudades desses Waldis e Valdis.
O CAPRICHOSO FOI BUSCAR EM TONZINHO SAUNIER A VERDADEIRA ORIGEM DO BOI CONTRÁRIO QUE JAMAIS PODERÁ SER IGNORADA PORQUE SEU REGISTRO É FIDEDIGNO E INCONTESTÁVEL. ESCRITOR DE VÁRIAS OBRAS, ENTRE ELAS: VÁRZEA E TERRA FIRME (CONTOS E CRÔNICAS) E SAUDADE DA SAUDADE (POESIAS)., A LIRA DOS 50 ANOS TONZINHO É TAMBÉM AUTOR DO LIVROS O Magnífico Folclore de Parintins (1989); Obras póstumas:Parintins, Memória dos Acontecimentos Históricos (2003); Encantamentos (contos- obra inédita); Cigana Jandira (romance- inédito);Poemas (inétido).
SEM QUALQUER SOMBRA DE DÚVIDAS, ESSE HOMEM CABOCLO E SIMPLES É UM DOS PATRIMÔNIOS MORAIS DA ILHA QUE A HISTÓRIA JAMAIS PODE ESQUECER.
GUARDO-O NA LEMBRANÇA PORQUE DESDE MUITO JOVEM O QUE SEMPRE ME CHAMOU ATENÇÃO FOI PRODUÇÃO CULTURAL QUE AQUELE POVO DA ILHA SEMPRE ESTAVA DISPOSTO A MATERIALIZAR ESPECIALMENTE NO CAMPO DO FOLCLORE, DA POESIA, DA MÚSICA (EM FESTIVAIS COMO O FECAP-FESTIVAL DA CANÇÃO DE PARINTINS) QUE SÓ DEIXOU DE EXISTIR PARA NÃO CONCORRER COM ITACOATIARA PORQUE SEU NÍVEL DE QUALIDADE MUSICAL SEMPRE FOI ALTO.
SEU NOME DE BERÇO ERA Antonio Pacífico Siqueira Saunier,nasceu no município de Barreirinha, (localidade Santa Marta) Amazonas, a 8 de julho de 1932. Ele dedicou grande parte de sua vida à cultura amazônica, divulgando-a em mais de trezentas crônicas, contos, lendas e mitos. Tonzinho Saunier, o historiador de Parintins, o pesquisador da Amazônia, o poeta da saudade, o antropólogo (profundo conhecedor da vida do caboclo ribeirinho com quem ele viveu e conviveu em suas inúmeras andanças pela floresta).
"Tonzinho Saunier, um Amazonas verbal" (Paulo José Cunha- jornalista e escritor piauiense) Faleceu em Parintins, a 16 de maio de 1999.
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