JÁ FALAMOS AQUI NO BLOG QUE O FOLCLORE É MUITO MAIS QUE LENDAS E CAUSOS., O FOLCLORE ESTÁ NO DIA-A-DIA DE CADA UM, DE CADA GRUPO FAMILIAR, DE CADA GRUPO SOCIAL QUE VIVAM NA INFORMALIDADE OU DE FORMA ESPONTÂNEA, POIS TODOS NÓS SOMOS PORTADORES DO FOLCLORE.
EM QUALQUER DATA COMEMORATIVA, FAMILIAR, COLETIVA, SEJA FESTEJO DO CALENDÁRIO RELIGIOSO OU CULTURAL., O FOLCLORE PODE ESTAR PRESENTE NA FORMA OU NO JEITO DE COMO UMA FAMÍLIA FESTEJA A PÁSCOA, O NASCIMENTO DE UM NOVO MEMBRO DA FAMÍLIA, O NATAL, O JEITO DE SE TOMAR UM CAFÉ EM FAMÍLIA, NO MERCADO E ASSIM POR DIANTE DE UMA MANEIRA INFORMAL E ESPONTÂNEA, APRENDIDA SEM INTERFERÊNCIA DA INDÚSTRIA E DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA.
ESTA POSTAGEM ABAIXO FOI COPIADA DO BLOG "PIANO MUSIC" DE PROPRIEDADE DE UMA DAS MAIORES AUTORIDADES EM FOLCLORE DE NOSSO PAÍS, professora NIOMAR SOUZA. NELE, A ILUSTRE PROFESSORA NOS MOSTRA AS CARACTERISTICAS DO EVENTO RELIGIOSO COMO UMA FORMA CULTURAL E FOLCLÓRICA., FATOS QUE A IGREJA TAMBÉM RECONHECE E RESPEITA COMO FATO CULTURAL QUE CONTRIBUIU MUITO PARA O PROCESSO DE EVANGELIZAÇÃO DE NOSSO POVO., VEJAMOS:
(www.pianomusic.blogspot.com).
COM TODA PROPRIEDADE E CONHECIMENTO QUE A MESMA POSSUI, ELA NOS MOSTRA COMO É A: "SEMANA SANTA E PÁSCOA NO FOLCLORE BRASILEIRO - Tempo mágico, cheio de “coisas proibidas e coisas que dão sorte!”
QUARESMA
Antes de falarmos na Semana Santa, vamos lembrar a
quaresma, tempo intermediário entre o carnaval e a Páscoa. Quaresma, período de
penitência para católicos e ortodoxos, marcado por tabus e proibições, dura 46
dias a partir da 4ª feira de cinzas até o domingo da Ressurreição. Há notícias
desta tradição desde o século III.
Na quaresma acontece uma notável expressão
do catolicismo-folclórico chamada Recomenda de Almas, Encomendação das Almas ou
Penitentes. Constitui grupos de pessoas que cumprem um ritual no qual se
articulam significados religiosos, mágicos e simbólicos a partir do conceito
alma dos mortos na visão popular. Nas sextas feiras da quaresma, tarde da noite,
no silêncio e na escuridão, culminando na sexta feira da Paixão, estes grupos
percorrem casas, igrejas (fechadas nessa hora), cemitérios, cruzeiros ou
capelinhas de beira de estrada, pedindo orações para as almas perdidas, por meio
de uma cantoria específica. Geralmente são almas de pessoas que não tiveram
morte natural como os assassinados, queimados, os afogados – estes, “as almas
das ondas do mar”. Em alguns grupos os componentes, que podem ser homens e
mulheres, cobrem o corpo com um lençol branco simbolizando a mortalha. Quando
cantam diante de uma residência, os habitantes não devem acender as luzes, abrir
portas ou janelas nem se comunicar com os cantores pois correm o risco de ver as
almas penadas que os acompanham.
AQUI CABE UM COMENTÁRIO SOBRE ESTE FATO FOLCLÓRICO: Minha tia Quitéria conta muitas histórias dos encomendadores de almas de Parintins quando esta era criança e revela todo o seu medo desses personagens. As crianças não entendiam muito bem seu real significado e e sentiam um verdadeiro pavor dos mesmos.
AQUI CABE UM COMENTÁRIO SOBRE ESTE FATO FOLCLÓRICO: Minha tia Quitéria conta muitas histórias dos encomendadores de almas de Parintins quando esta era criança e revela todo o seu medo desses personagens. As crianças não entendiam muito bem seu real significado e e sentiam um verdadeiro pavor dos mesmos.
A matriz das Recomendas de Almas está no
culto aos mortos presente nos ritos funerários de culturas ancestrais que com o
advento do cristianismo foram reinterpretados de acordo com as normas da Igreja.
A música vocal é uma harmonia composta de várias vozes, às vezes até sete,
em estilo responsorial. E o acompanhamento instrumental é feito com matracas,
algumas vezes com o zumbidor também chamado berra-boi. Este é um pequeno
artefato retangular achatado construído de madeira, cerâmica ou pedra que,
amarrado na ponta de um barbante e girado no ar sobre a cabeça do executante (um
aerofone livre, portanto) produz um som forte, insistente e perturbador. É
conhecido desde culturas muito antigas e nos mais diferentes lugares, como
Austrália, Europa, África, índios sulamericanos. Curioso é que é sempre proibido
às mulheres ouví-los e mais ainda, manuseá-los.
SEMANA SANTA
Ao lado
das cerimônias oficiais promovidas pela Igreja católica, encontram-se, com muito
vigor, os rituais e costumes espontâneos da Semana Santa praticados no contexto
da cultura popular-folclórica. São um conjunto complexo de elementos que
resultam da reinterpretação popular dos textos evangélicos e de conceitos
europeus anônimos surgidos em algum momento da Idade Média. Por exemplo, no
século VIII a Igreja proibiu os cristãos de tocar sinos (e músicas profanas) da
5ª feira ao sábado de Aleluia. Sugeriu que os substituíssem batendo pequenos
pedaços de madeira como faziam os fiéis escondidos nas catacumbas quando não
possuíam sinos e eram perseguidos pelos soldados romanos. Essa teria sido a
origem das matracas que se tornaram instrumentos oficiais da Semana
Santa.
Dentre os rituais folclóricos da Semana Santa podemos observar as
grandes procissões: a do Enterro, cheia de figuras bíblicas, a das Dores que é o
encontro de Nossa Senhora com o Filho, aquelas chamadas Fogaréu, onde se
conduzem tochas acesas para simular a procura de Jesus para que seja preso, e
outras – organizadas pelo povo, não pela Igreja. Da mesma forma, as
representações teatrais da Paixão de Cristo efetuadas pelas coletividades por
iniciativa própria.

PROCISSÃO DO FOGARÉU EM GOIÁS
Há um grande número de proibições, crendices e práticas
mágicas. Jejum sexual é das proibições mais generalizadas. Outras: não casar,
não fazer festa, não bater em crianças, não trabalhar. Para dar sorte: visitar
sete igrejas; guardar as flores que enfeitarem o esquife do Senhor Morto na
procissão do Enterro; comprar aneizinhos e correntes de prata na 6ª feira da
Paixão.
PÁSCOA
A Páscoa é pré-cristã e provém do costume pagão muito
antigo de comemorar a entrada da primavera no hemisfério norte, coincidindo com
o equinócio de primavera, quando termina o longo e rigoroso inverno e retorna o
calor, o sol, a vegetação; os coelhos saem das tocas e são vistos pulando pelos
campos. A vida se renova.
O Antigo Testamento descreve a pessach que é a
passagem da escuridão para a luz (a Páscoa), festa que comemora a libertação,
por Moisés, do povo hebreu escravizado pelo faraó do Egito. É a conhecida
estória das sete pragas enviadas por Deus, a fuga dos hebreus e a abertura do
mar Vermelho para permitir sua passagem.
A Páscoa cristã, já como ritual do
Novo Testamento, não é mais do que a reinterpretação daquele episódio: a
ressurreição de Cristo é o símbolo da libertação dos hebreus ou a passagem da
escuridão para a luz; a óstia é o pão ázimo (sem fermento – na fuga dos hebreus
não havia tempo para esperar a massa fermentar) e torna-se metáfora do corpo de
Cristo; o vinho, tradicional da ceia dos hebreus, significa o sangue de Cristo –
tudo representado na missa da Páscoa e nas missas tradicionais da
cristandade.
Em inglês a Páscoa chama-se easter, derivado de Eostre, deusa
germânica da fertilidade, celebrada no equinócio da primavera com seu símbolo o
coelho.
Na Escócia a Páscoa é conhecida como Paiss.
O
coelho, em muitos países, é o totem da Páscoa porque simboliza a fertilidade
(reproduz-se muito), vale dizer, o recomeço da vida. No hemisfério norte, no
início da primavera,o animalzinho saía das tocas onde passara o inverno e
passava a saltitar pelos campos. Como símbolo pascal, foi trazido ao Brasil
pelos imigrantes alemães cerca do século XVIII. Em alguns lugares o coelho é
substituído, como em Paris por exemplo,que se encontra a galinha da Páscoa.
O ovo contém em si uma vida nova. A ressurreição,
portanto. Em muitas culturas antigas, como na chinesa,nas cortes francesas no
século XVIII, etc., tinha esse significado e ovos de ouro e pedras preciosas
eram dados como presente a pessoas importantes.
A DATA DA PÁSCOA
A
Páscoa é uma festa móvel anual cuja data é referência para se estabelecer as
outras datas festivas. A primavera no hemisfério norte tem início no dia do
equinócio de primavera: 21 de março. No primeiro domingo de lua cheia a partir
de 21 de março, a cada ano, comemora-se a Páscoa. Este calendário obedece a uma
tabela lunar estabelecida por um astrônomo grego chamado Meton, em 430 antes de
Cristo. Meton tabulou um ciclo de 19 anos solares e 235 meses lunares chamado
Número Áureo que estabelecia o ano com 365 dias aproximados. Pela relativa
precisão e praticidade, foi utilizado nos cômputos eclesiásticos.
Tendo como
referência a Páscoa, determinam-se o carnaval, 46 dias antes, e Pentecostes, 50
dias depois.
A QUEIMA DE JUDAS
Provém do rito ancestral do Fogo Novo,
de origem hebraica que sobreviveu no rito romano recodificado. O Fogo Novo
comemorava festivamente o fim do inverno no hemisfério norte quando as
comunidades acendiam grandes fogueiras ao lado dos templos e os sacerdotes
benziam o fogo. Geralmente rapazes saíam em bandos gritando : “Fogo Novo!”
A
igreja cristã adaptou o ritual pré-cristão aos seus desígnios, primeiro
denominando-o de Fogo de Judas e depois induzindo a queima do boneco que
simulava o traidor de Jesus. É uma prática encontrada em quase toda a
Europa.
Leituras sobre este texto: Uma leitura transdisciplinar do
fenômeno sonoro (Sobre Recomenda de Almas) de Sonia Albano (org); Folclore das
festas cíclicas, de Rossini Tavares de Lima
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